Nos dias 31/10, 01 e 02/11, a cidade de São Bento do Sul sediou a primeira competição oficial de xadrez presencial após a pausa pela pandemia do novo coronavírus. Organizado por Eduardo Quintana Sperb, o IRT Sub-2200 seguiu todas as normas de saúde e regras estipuladas pelo Governo do Estado de Santa Catarina e pela FIDE.
“Cumprimos todas as normas e regras dentro da lei. Teve aferição de temperatura na entrada da área de jogos, dois postos com álcool em gel para os atletas, os banheiros com um procedimento padrão de limpeza após todas as rodadas. Houve um grande cuidado de acordo com as normas e regras estipuladas”, disse o organizador Eduardo Quintana Sperb.
A competição contou com 57 participantes, contando com enxadristas de Joinville, Blumenau, Florianópolis, Jaraguá do Sul, Fraiburgo, Timbó, Penha, Brusque, Criciúma e São Bento do Sul, além de atletas de fora do estado, como Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.
O campeão foi o enxadrista CM Kaiser Luiz Mafra, de Florianópolis, com 5 vitórias e um empate, seguido pelo MN Alvaro Almeida, de Curitiba, e MN Lucas Fonseca Piccoli, de Jaraguá do Sul, que também foi campeão sub-18 masculino.
Nas demais categorias os campeões foram: Sub-18 Feminino: Juliana Oliveira, de Curitiba-PR Sub-16 Masculino: Leonardo Hisao Borges, de Ponta Grossa-PR Sub-16 Feminino: Sara Ohana Britto, de Curitiba-PR Sub-14 Masculino: Guilherme Henrique Silva, de Jaraguá do Sul-SC Sub-14 Feminino: Valentina Hinke Deobrochinski, de São Bento do Sul-SC
O campeão da categoria Veteranos foi Jairo Ribeiro Cordioli, de Penha-SC. Os resultados completos do torneio estão disponíveis em: https://chess-results.com/tnr473850.aspx?lan=10&art=1&rd=6&turdet=YES&flag=30
“Acredito que foi um bom evento, que proporcionou para a base da São Bento do Sul, que é grande, um evento dentro de casa, sem acrescentar despesas de alimentação, estadia e deslocamento. O nível dos jogadores tava muito bom, foi bem acirrada a disputa, e acredito que quando alguém vai jogar um torneio prefere não apenas ser campeão, mas ser campeão com uma boa disputa, com uma boa qualidade”, comentou Sperb.
O próximo IRT Sub-2200 em São Bento do Sul já tem data para acontecer, nos dias 27, 28 e 29 de novembro. Texto: Marco Aurélio da Silva Júnior
Manifestação postada pelo DEPARTAMENTO DE XADREZ FEMININO DA FCX, por se tratar de uma questão de interesse do Xadrez Feminino e por ser assinada por dezenas de expoentes do xadrez feminino de SC e do Brasil.
Que mensagem desejamos passar às jovens enxadristas?
É dado que a categoria de xadrez que possui mais equidade de gênero é a escolar. À medida que a categoria sobe, a representatividade feminina desce. Para onde vão as jovens enxadristas? Ainda que quando meninas sentimos o peso dos significados de se tornar mulher, conforme crescemos, são adicionados mais pesos à nossa caminhada e desenvolvimento.
Você aí que nos lê, quantas enxadristas conhece que abandonaram o esporte pois os namorados não achavam conveniente que elas tivessem o próprio hobby? Quantas mulheres, agora mães e esposas, abandonaram o jogo pois não é de bom tom uma senhora casada ir viajar sozinha? Agora faça o exercício de visualizar o contrário: quantos homens, apoiados por suas esposas e namoradas, estão lá, firmes e fortes seguindo a prática da nobre Arte de Caíssa?
Se mulher, quantas vezes foi assediada por aquele senhor até 40 anos mais velho? E se você é homem, não importa a idade, quantas vezes já não achou mais interessante comentar com o amigo sobre a vida íntima e os atributos físicos daquela jovem que mal desabrochara do que fazer qualquer outro comentário que a qualifique como um ser humano que pensa e que sente?
Há quem se pergunte se o xadrez é esporte, ciência ou arte. Não importa qual a definição, as mulheres são secularmente excluídas de todas as esferas sociais, restando a elas a missão de parir, servir, limpar, agradar, embelezar, cuidar, incentivar o outro, se abnegar, calar. O que não é diferente no ambiente enxadrístico, predominantemente masculino — e até um passado bem recente, unicamente masculino.
Conforme as personagens femininas começaram a reivindicar seu direito de fala e espaço no show da História, puderam interpretar papéis que até então eram reservados exclusivamente para homens — ainda que estes papéis arduamente conquistados continuem sendo acumulados com o papel da servidão em suas mais diversas esferas. Embora tenhamos ocupado algum espaço (restrito, mas ocupado), as estruturas patriarcais nos fazem pagar um alto preço por estarmos ali. Esse preço é a nossa objetificação. É preciso que isto seja dito! Tais estruturas, já incapazes de manter o controle total dos nossos corpos, se remodelaram. Explorando, objetificando e sexualizando os corpos femininos. Os clubes do Bolinha, digo, de xadrez, que ainda parecem estarem ambientados no século XIX, toleram a presença feminina pois esta serve de deleite.
Recentemente, enxadristas brasileiras tiveram que lidar com uma imagem de promoção de divulgação local de um torneio feminino internacional. A imagem, que continha uma modelo, reforçava o estereótipo de que a aparência física de uma mulher está acima de qualquer outra qualidade. Chamava a atenção para par de pernas e decote. Seu rosto? Sequer aparecia... Temos o direito de usar decotes e deixar nossas pernas à mostra (os homens têm o direito de andar sem camisa!), é o nosso corpo e não temos porquê ter vergonha dele ou nos sentirmos constrangidas. No entanto, na divulgação de um torneio, queremos ver nossa imagem sendo enaltecida por nossa capacidade como atleta, exatamente como fazem com os homens...
Será que somos capazes de incentivar o xadrez feminino sem utilizar artes que objetificam as mulheres? Até quando vão nos vincular a um papel decorativo para gozo da audiência masculina?
Voltamos à questão inicial: que mensagem desejamos passar às jovens enxadristas? Se o ambiente enxadrístico é tão tóxico para as mulheres, por que continuamos jogando?
Já avançamos muito para abandonar a partida, seguiremos firmes ocupando e defendendo o que já conquistamos e denunciando qualquer retrocesso. Estamos trabalhando para criar um ambiente favorável, de acolhimento para as mulheres, para as jovens enxadristas, no qual sejamos reconhecidas em nossa integralidade.
Nossa geração já ocupou alguns espaços. E qual será a geração de mulheres que fará uma campeã mundial?
Redação: Camila Evaristo da Silva, enxadrista e Mestra em História
Arte da matéria: Elana de Souza
Assinam em apoio as enxadristas brasileiras:
WIM/MF Juliana Terao WIM Kathie Goulart Librelato WIM Larissa Yuki Ichimura Barbosa WIM Regina Ribeiro WFM Julia Alboredo WFM Agatha Hurba Nunes WFM Regina Rodrigues Bonfim MN Thauane de Medeiros WCM Vanessa Gazola WCM Rebeca Lot Schucman MN Amanda Paul Dull MN Júlia Brunetto Rodio AI Elana Silva de Souza Anna Carolina Campos Julia Goetten Wagner Karoliny Taiane da Cruz Liziane Nathália Vicenzi Maria Eduarda Gomes Fabíola Campagnolo Agatha dos Santos Paiva Marcia de Lima Bispo Amanda C de Mello Iandra Pavanati Talita Machado de Itapema Cardoso Nicole Pi Chillida Ana Paula Marques Daiane Aparecida da Silva Soraya Vallim Miranda Bruna Garcia de Souza Fabíola Faccini Silva de Olveira Kim Garcia de Souza Eduarda Pasqualotto Weber Carine Katia Campestrini Mariana Wolff Bruna Campagnolo Leticia Warginowski Tiffany Marcele Lino Tatiana de Mendonça Oliveira Karine Chaves Miguel da Silva Bruna Kastner Olivi Finkler Ana Paula Ozi Raulickis Julia Füchter Fernanda Schiochet Karina Daniela Kanzler Ferreira Isadora Bernardo Cisz Bianca Alencar de Souza Nascimento Eveline Martins da Silva Vitória Silva da Rosa Bianca Barros Pan Lopez Maria Isabel Trivilin Fabiola Faccini Silva de Oliveira Taynara Leszczynski Camila Berreira Braga Letícia Fritz Henrique Giovanna Mayara Sibowicz Ellen Larissa Bail Diovana Ferreira dos Anjos Fernanda Luiza Pereira Borges Danielle Casimiro Roberta Souto Carlos Sara Ohana Felix Delgado Britto Júlia Figueiredo Pascual Gabrieli de Melo Caroline Zago Ana Carolina Godoi Guerra Katja Sophia Becker Letícia Geovana Bardefeld Jéssica Trindade Hubner Pâmella Vittoria de Melo Braga Sara Beatriz Silva de Oliveira Adriana Tonhati Bonvini Darlane Brito Assunção Danielle Sena Moura Isabelle Tamarozi Janete de Alcantara Mateus Daniela Wessling
Aos cinco anos, 11 meses e seis dias, Kim Paul Mariani conquistou o título de Mestre Nacional (MN) após vencer a categoria Pré-escolar do Campeonato Brasileiro de Xadrez Escolar. O torneio foi realizado de forma online na plataforma Lichess neste sábado (25). O título já está homologado na página da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX): https://bit.ly/2P2aVcy
Kim somou cinco pontos em 10 rodadas perdendo a última partida por problema na conexão da internet. Até o quarto ano do ensino fundamental as crianças jogam entre meninos e meninas sem separação de idade. Ou seja, Kim enfrentou jogadores mais velhos que ele para conquistar o título.
O pequeno enxadrista mora em Palhoça e aprendeu a jogar aos dois anos com os pais que também são Mestres Nacionais, Daniel Brandão Mariani e Amanda Paul Dull, ambos professores e atletas da Fundação Municipal de Esportes (FME) de Florianópolis. “Kim joga em três sites (lichess, chess.com e chesskid.com) e utiliza os exercícios que os sites oferecem. Também treina com livros de tática principalmente em programas como o chessimo. Tem atividades conosco diariamente além de acompanhar algumas aulas que damos”, destaca a MN Amanda Paul Dull.
Amanda destaca que a conquista é significativa, mas o esforço empreendido no processo tem mais valor como crescimento, já que os benefícios do xadrez ajudam as pessoas como um todo. “Sobre influenciar outras crianças, é positivo ele ter outras crianças por perto competindo paralelamente (como o Luca, que disputa o sub 8 em Florianópolis e foi campeão do primeiro ano. Um inspira e provoca o outro a evoluir também. Nas palavras do Kim ele disse que está feliz e que ganhar o titulo é como segurar muitas coisas ao mesmo tempo. Achamos que ele só vai ter dimensão disso quando for mais velho, por isso buscamos estímulos diferentes daqueles puramente competitivos”, destaca Amanda.
Estudos em casa e conquistas
Kim ainda não pôde entrar no primeiro ano pela idade, então tem aulas em casa de matemática, geografia, português, historia e biologia onde tem também a sua paixão por animais. Também aprende música e outras línguas. O enxadrista acompanha os pais no torneio, então já está habituado com os ambientes de competições. “Até a pandemia chegar ele estudava no colégio Maria Montessori, adeptos da pedagogia que tentamos adotar desde a primeira infância”, destaca Daniel.
Entre as principais conquistas de Kim foi ganhar o título do Circuito Escolar de Florianópolis (sub 8), em 2019, somando 22 pontos de 24 possíveis. Também foi vice-campeão brasileiro escolar em 2019, Campeão Sub 8 de blitz e Sub 6 de Rápido Catarinense. Em 2018, com quatro anos, foi campeão Sub 6 do Circuito Escolar em Florianópolis.
Texto e fotos: Liziane Nathália Vicenzi - Jornalista - MTB 6142 - Assessoria de Comunicação FCX
A Federação Catarinense do Desporto Escolar (FCDE), em parceria com a Federação Catarinense de Xadrez (FCX) promove o “1º Desafio FCDE de Xadrez Escolar” neste sábado (25) das 17h às 18h no site www.lichess.org em ritmo de jogo de 4’+2”. A Direção do torneio é do IO Marcelo Pomar e da WIM Regina Ribeiro.
Procedimento completo para inscrição no Documento em Anexo!